domingo, 20 de fevereiro de 2011

A luz no fim do túnel.

Eu não acredito em ‘deus’, não acredito em nenhuma de suas formas ou versões, mas diferente de muitas pessoas não tenho nenhuma grande razão para isso, nenhuma descoberta filosófica interior ou fúria contra o mal das instituições religiosas. O que me aconteceu foi que um dia me perguntaram se eu acreditava em ‘deus’, e apesar de ter pais católicos, e de ter passado pelo batizado e catecismo eu nunca consegui acreditar 100% no ser onipotente. Então depois de ter ponderado com os meus botões escolhi não acreditar. ‘Escolhi’ é a palavra certa, pois admitir a ‘divindade’ não teria nenhum impacto na minha rotina, nem no meu modo de ver a mim mesmo, essa decisão para mim tinha o mesmo valor filosófico de ‘para que time eu irei torcer no futebol’. Só que daquele dia em diante eu fui taxado de ‘ateu’ e eternamente bombardeado pelas inquisições dos ditos ‘crentes’: “Então você não acredita em nada?”; “Para você a vida não tem sentido?”; “Você é niilista?”.

É incrível como as pessoas pulam direto para: ‘para você a vida não tem sentido’ e ‘você não acredita em nada’ quando descobrem que eu sou ‘ateu’ e não acredito na ‘divindade’ deles. Mas o que realmente chamou minha atenção foi quando me acusaram de ser niilista, se bem que analisando agora: a partir das preconcepções habituais isso é um resultado logico. Só que as ‘preconcepções’: a base da palavra ‘preconceito’ como sempre tende ser infundada. Pois os verdadeiros niilistas são quem me acusam de o ser.

Para melhor explicar minha teoria, eu gostaria que você primeiro entendesse como eu vejo os ‘tais crentes’. Eu os separo em três categorias:

1ª – Os Idiotas: Os idiotas eu assim os chamo, pois eles nunca contestaram, e eu não estou sendo exigente, eu nem ao menos estou falando de contestar a existência da ‘divindade’, mas sim da forma de vê-la, são as pessoas que nunca pararam nem para pensar qual a diferença entre as religiões, ‘se existe uma que é a verdadeira, uma que a certa, que possui as crenças corretas, e se sim, será que a minha é a tal?’. Eles são as pessoas que acreditam cegamente na ‘divindade’ porque assim os ensinaram desde criança e nunca desenvolveram a independência intelectual de contestar as verdades ensinadas. São os mesmo ‘idiotas’ que riem dos “idiotas que acreditavam em Zeus”.

2ª – Os Tradicionais: Eles acreditam ou ao menos dizem acreditar na ‘divindade’ por tradição e conveniência, seus pais acreditavam e as pessoas que os cercam acreditam, então para evitar conflitos e manter a comunidade eles se mantem no armário, ou pior: virão agnósticos. Eles não decidiram ainda se acreditam ou não de fato, não possuem fé, mas agem como bons discípulos, e seguem os ensinamentos que pedem pouco sacrifício pelo leve medo de que se a ‘divindade’ existir de verdade queime seus rabos no fogo eterno.

3ª Os Niilistas: Eles são os que pulam no pescoço dos ‘ateus’ e enfiam ‘deus e sua vontade’ em todos os tópicos que cruzam seu caminho. Pois para eles a ‘divindade’ é a razão da existência, se ela não existe, a vida não é eterna e se ela não eterna, ela não tem sentido. Para eles a vida é o ‘teste’, e esse é o sentido da vida, apenas um ‘teste’, e a ‘divindade’ a crença maior. Eles são os verdadeiros niilistas, pois são dependentes da ‘divindade’ para continuar a vida. A ‘divindade’ é a luz no fim do túnel, e o túnel é medo mais instintivo: o medo da morte.

Eu não acredito em nenhuma ‘divindade’, mas acredito em mim, em ‘causa e consequência’, e na ‘conveniência de fast-food’. Acredito em tudo aquilo que se provou para mim digno de credito e confiança. Para mim a falta de uma ‘divindade’ é o que ‘da sentido a vida’: pois isso significa que o que fazemos aqui realmente importa, que isso não é apenas um ‘teste’, uma ‘audição’ para a vida eterna, que isso é ‘tudo’. E se para você ‘tudo’ não vale ‘nada’ sem o seu ‘deus pessoal’, sua cabeça é mais fodida do que a minha.